Bebê de 4 meses morre em UPA de Cajazeiras com suspeita de bronquiolite, e caso gera questionamentos da família; unidade afirma que atendimento foi adequado

Na manhã da última quarta-feira, dia 28 de maio, um bebê de apenas 4 meses, identificado pelas iniciais Y.K.G.A., faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Valéria Macambira Guedes, em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. A causa da morte, segundo a unidade, foi um quadro grave de Bronquiolite Viral Aguda (BVA). A criança estava intubada e aguardava transferência para uma UTI pediátrica.

O caso causou comoção e revolta nas redes sociais, após a mãe do bebê fazer um desabafo público em que questiona a conduta médica e a gestão da transferência hospitalar. Em seu relato, ela afirma que o quadro clínico do filho piorou após a intubação e lamenta o cancelamento da primeira tentativa de transferência, que seria para um hospital especializado em João Pessoa.

Segundo a mãe, o bebê chegou à UPA com sinais de cansaço, mas ainda apresentava boa oxigenação, com saturação em 100% até às 20h do dia anterior ao óbito. Ela afirma que havia uma vaga garantida para transferência para a capital, porém o médico da ambulância teria condicionado a remoção à intubação do bebê. Após o procedimento, a transferência teria sido cancelada para aguardar vaga em unidade mais próxima.

Durante a madrugada, a mãe relata que o bebê começou a apresentar febre, congestão nasal e gemidos, sintomas que foram minimizados por uma profissional de plantão, que teria aplicado apenas dipirona. Ela afirma que, após isso, o quadro piorou rapidamente, até a morte do filho.

UPA se defende e diz que seguiu protocolos
Em nota oficial, a direção da UPA de Cajazeiras esclareceu que todas as condutas seguiram os protocolos da pediatria. O bebê deu entrada por volta das 10h52 da manhã de quarta-feira (28), com febre, coriza, tosse produtiva, congestão nasal e dificuldade respiratória, evoluindo para um quadro de desconforto respiratório grave.

Segundo a unidade, a criança passou por atendimento imediato na área vermelha, com uso de CPAP (ventilação não invasiva) e sessões de fisioterapia respiratória, mas não apresentou melhora clínica satisfatória. Diante da evolução negativa, a equipe médica decidiu pela intubação orotraqueal, que, de acordo com a nota, foi realizada sem intercorrências.

Ainda segundo o comunicado, após a intubação, a criança foi mantida estabilizada, mas continuava com um quadro clínico considerado flutuante e hipersecretivo, o que levou a uma reavaliação com a equipe de transporte e regulação estadual. A decisão foi aguardar por vaga em unidade mais próxima, e não prosseguir com a transferência para João Pessoa naquele momento.

“Infelizmente, mesmo com todos os esforços empregados, o paciente veio a óbito”, afirmou a direção da UPA, que também manifestou solidariedade à família.

Bronquiolite Viral Aguda é uma infecção respiratória comum em bebês e pode se agravar rapidamente, principalmente em lactentes com histórico de problemas cardíacos — como no caso do bebê, que, segundo a UPA, tinha um diagnóstico de Forame Oval Patente ao nascimento.

LEIA A NOTA DA DIREÇÃO DA UPA DE CAJAZEIRAS

A Unidade de Pronto Atendimento Valeria Macambira Guedes – UPA Cajazeiras, vem a público esclarecer a ocorrência do dia 28 de Maio de 2025 ás 10h52 no qual recebemos o lactente Y.K.G.A. trazido por sua genitora com queixa de febre iniciada há dois dias, associada a coriza, tosse produtiva e congestão nasal, evoluindo na manhã de hoje (28 de maio de 2025) com desconforto respiratório, cursando com taquipneia e presença de tiragem intercostal. A família negou ter contactantes com sintomas gripais, bem como internações prévias. Histórico de Forame Oval Patente ao nascimento, em acompanhamento em Patos, com especialista.

Na admissão, apresentou sintomas compatíveis com um problema respiratório grave e logo recebeu a assistência devida por parte da equipe da unidade, sendo levado ao eixo vermelho, iniciado medidas conforme protocolo para Bronquiolite Viral Aguda (BVA). Diante do quadro, é comum no que o paciente apresente boa saturação, porém um desconforto respiratório intenso, podendo levar a fadiga respiratória. O paciente foi submetido a ciclos intermitentes de CPAP persistindo com desconforto respiratório, em uso de musculatura acessória, com boa saturação, porém sem melhora do quadro.

A Direção Clínica da unidade reitera que todas as condutas foram realizadas de forma adequada, conforme os protocolos da pediatria, assim como fisioterapia respiratória a fim de melhora do quadro. Apesar de todas as medidas, a lactente não apresentou boa resposta, sendo necessário prosseguir com intubação orotraqueal, realizada sem intercorrências.

A unidade explica ainda que o paciente teve a vaga cedida para AMIP- João Pessoa, mas mesmo após intubação orotraqueal (IOT), manteve-se com quadro flutuante, hipersecretivo. Após discussão do caso com as equipes médicas da unidade, do transporte e da regulação do estado, foi optado por permanecer no serviço estabilizado e aguardar a tentativa de vaga em unidade mais próxima na manhã seguinte.

Infelizmente, mesmo com todos os esforços empregados, o paciente veio a óbito. A UPA de Cajazeiras manifesta as nossas condolências aos familiares e amigos neste momento de dor.

Por Patos Online
Com informações do Diário do Sertão